Estudo TICs + ECOFORTE

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Premissas

  • O exercício apresentado neste relatório visa construir métodos e ferramentas digitais de apoio à sistematização de redes de agroecologia.
  • Como base foram utilizados dados das redes sistematizadas no projeto EcoForte.

  • O objetivo é o processo de construção do novo Agroecologia em Rede para que possa contemplar redes, e portanto tem-se como horizonte a sistematização de qualquer rede de agroecologia.

  • O uso destas tecnologias de informação e comunicação neste processo têm objetivos distintos para públicos distintos, entre eles:

    • Sociedade em geral/mídia: mostrar que a agroecologia existe e gera benefícios para a sociedade

    • Movimento agroecológico: dimensionar o tamanho do movimento e auxiliar no planejamento das ações

    • Redes de Agroecologia: internamente auxiliar no processo de autoconhecimento e planejamento, e externamente divulgar a rede e trocar experiências com outras redes

    • Financiadores: gerar números que possam convencer instituições que não acreditam na agroecologia a apoiar a agroecologia.

  • Neste estudo não aprofundamos na dimensão da “segurança dos dados, pessoas e movimentos envolvidos”. Mas no processo de construção do novo Agroecologia em Rede é preciso desenvolver um estudo profundo dessa questão. Estamos lidando com dados que são públicos, mas que sua agregação pode torná-los sensíveis. Assim, se faz necessária uma análise criteriosa sobre a sensibilidade tanto dos dados de entrada, quanto dos dados agregados de saída dos modelos e das análises.

Apresentação

Nesse estudo foram feitas análises e processamento dos dados da sistematização do Ecoforte, utilizando-se diferentes formas de representação gráfica interativa para gerar informação útil e de fácil acesso.

Essa interação na exibição dos dados permite e incentiva a navegação, exploração e pesquisa no universo que é apresentado. Para a rede como um todo a experiência foi com um mapa. E para algumas redes específicas realizamos alguns estudos usando os Grafos.

25 Redes ECOFORTE:

Mapa Interativo Online das Redes apoiadas pelo EcoForte

Rede APA-TO

Grafo das Relações da Rede APA-TO (modelo A)

Grafo das Relações da Rede APA-TO (modelo B)

Grafo de fluxos APA-TO

Rede ECOVIDA

Grafo do Encontro de Sabores:

Grafo das Relações entre URs e Organizações da Rede ECOVIDA

Rede IRPA

Fluxos de sinergia da Rede IRPA:

 

1.

Mapa Interativo Online

link: http://redes-ecoforte.eita.org.br/

O ideia central de um mapa é representar elementos de forma geográfica-física, sobre uma representação bidimensional de um território. No mapa, é possível observar a localização espacial de elementos que podem ser representados por pontos ou polígonos.

Deste modo, as primeiras questões que surgem são:

Existe um espaço físico ocupado por uma rede de agroecologia? É possível delimitar este espaço físico de forma binária – a rede atua/não atua aqui?

Existem elementos da Rede que podem ser representados por pontos ou polígonos, como as unidades de referência, organizações e municípios. Já os fluxos de trocas, fluxos econômicos, territórios difusos ou não delimitados apenas geograficamente são mal representados em um mapa.

Por isso refletir:

Devemos buscar uma solução cartográfica para representar a uma rede de agroecologia? Isso é estratégico para o propósito de afirmação do modelo agroecológico nos territórios?

Na experiência que desenvolvemos, alguns problemas ficam evidentes:

  • A representação das redes como soma das áreas dos municípios onde atuam pode gerar uma interpretação equivocada do tamanho das redes, que não tem nenhuma relação com o tamanho das áreas dos municípios.

  • Os fluxos econômicos não são mostrados.

  • A densidade da rede no território não é mostrada.

  • Impossibilidade de delimitar uma rede por pontos e polígonos. Se por um lado, a rede existe em um território – a Rede Bico Agroecológico não atua no Rio de Janeiro – por outro lado, a delimitação binária do espaço de atuação nem sempre é tão clara.

A análise até aqui traz mais uma inquietação:

Estaríamos tratando “rede” e “território” como sinônimos, ao propor um “mapa de redes”?

Rede e território são conceitos indissociáveis, mas distintos. É preciso termos maior clareza que não são a mesma coisa. E no caso da ferramenta “mapa”, o que se pode almejar em termos de representação de uma rede é algo como oterritório de atuação” ou “território de influencia” da rede.

Alcançando uma melhor definição destas questões, poderemos passar a outros desafios da representação cartográfica e interativa desse território:

  • Como definir o que constitui o território?

  • Como estender o conceito de território para além das unidades da federação (bairros, municípios, microrregiões, estados, macrorregiões…)?

  • É possível pensar para além dos limites administrativos e criar “polígonos de identidade”? Isso poderia permitir a definição de territórios que correspondam a lutas de demarcação e reconhecimento de áreas independentemente da organização federativa do país.

  • A interação com o mapa poderia chegar ao ponto de atores da agroecologia possam “cadastrar” territórios? Isso poderia fortalecer a auto-demarcação de territórios a partir de identidades históricas, sociais, culturais, políticas e ambientais.

  • Ao pensar um território de influência, como considerar o alcance dos produtos comercializados?

  • Como representar as redes em relação aos biomas, bacias hidrográficas e regiões?

  • Como explorar as diferentes escalas? Nem sempre um mapa precisa mostrar as mesmas informações em todas as escalas. Ao contrário, mostrar os territórios de atuação de uma rede em diferentes escalas (nacional, regional, estadual, local) parece mais promissor do que criar uma representação geral para todas as escalas.

 

2.

Grafos

Grafos são uma forma de representação matemática que possui basicamente dois elementos: nós (pontos) e arestas (ligações entre estes pontos). Existem diversos problemas que podem ser representados como grafos: empresas e seus acionistas, moléculas de remédios, dados na forma sujeito > predicado > objeto etc.

Em geral, problemas em que é importante dar visibilidade a elementos e ligações entre elementos são bons candidatos a serem representados pelo modelo de grafos.

No caso das redes de agroecologia, o objetivo central com o uso de grafos foi dar visibilidade aos fluxos das redes com centralidade nas tecnologias sociais. Neste sentido, buscou-se demonstrar o uso dos grafos para representar diversos aspectos das redes de agroecologia.

Grafos de composição da rede

Nesta modelagem os nós deste grafo são de 3 tipos:

  • Famílias

  • Organizações

  • Tecnologias/Unidades de Referência

As arestas, ou seja, as ligações entre estes nós, são de dois tipos diferentes (em forma de verbo):

  • desenvolve

  • organiza-se na

Assim, o grafo nada mais é do que uma sistematização de pedaços de informações que vão se agregando a partir das ligações. Estes pedaços de informação, são, por exemplo:

Ivanelde > desenvolve > Horta Irrigada

Ivanelde > organiza-se na > ASMUBIP

Ana Maria > organiza-se na > ASMUBIP

A partir deste modelo, é possível analisar de maneira bastante intuitiva quais são as organizações ou tipos de organização mais importantes na rede; quais as tecnologias mais usadas, e se este uso está relacionado a um tipo de organização específica; famílias que dialogam com muitas organizações; etc.

Um aspecto importante a ressaltar é que este tipo de modelo expõe dados sensíveis sobre a rede. Não são dados sigilosos; mas são dados que, após a agregação, podem revelar aspectos sensíveis, e que as redes podem não desejar que seja público.

Assim, este tipo de grafo pode ser uma boa ferramenta para análise interna das redes, mas pode ser prudente que não seja publicizado.

Grafos de fluxos da Rede

Nesta modelagem, busca-se retratar as etapas do metabolismo percorridas dentro da rede para um ou mais processos de produção.

Os nós propostos neste caso são do tipo:

  • Produto in natura

  • Produto processado

  • Canais de Comercialização

  • Tecnologias/Unidades de Referência

Alguns tipos de aresta (verbos) neste caso são:

  • produz

  • é vendido a

  • é insumo de

Alguns exemplos de informação que pode ser representadas neste modelo:

Horta (Tecnologia) > produz > Pimentão (Produto in natura)

Pimentão (Produto in natura) > é vendido a > PAA (Canais de Comercialização)

Mel (Produto in natura) > é insumo de > Casa de Mel

Casa de Mel > produz > Mel beneficiado (Produto processado)

Este modelo é útil para dar uma visão geral da circulação da produção na rede. Seu resultado pode mostrar a diversidade de produtos e processos dentro de uma rede, bem como ser usado para divulgação da produção da rede.

Neste grafo, seria possível adicionar grandezas econômicas aos fluxos e permitir, assim, melhor inferência sobre os processos. Deste modo, seria possível analisar a geração de valor ao longo dos processos metabólicos. No entanto, neste caso os dados já passam ter uma maior sensibilidade.

Conclusões (inconclusas)

  • Em primeiro lugar, deve-se definir qual aspecto da rede se quer mostrar a partir dos grafos;

  • Depois, é necessário definir o modelo, ou seja, quem são os nós e quem são as arestas;

  • Em seguida, é necessário capturar os dados. Esta etapa será tão trabalhosa quanto mais complexo for o modelo definido anteriormente, ainda mais se houver interesse em dados quantitativos para maior detalhamento sobre as relações.

  • Após a definição do modelo, será possível oferecer para as redes uma ferramenta de captura dos dados (formulário online ou via app no celular) para que as próprias redes possam fazer seu mapeamento. Neste caso, será necessário acordar a forma de utilização dos dados.

 

3.

Painéis de indicadores

O objetivo de um painel de indicadores que reúna diferentes formas de representação para responder determinadas perguntas de um universo de dados é permitir que as pessoas vejam e entendam os dados com rapidez.

No caso do Ecoforte, seria possível um painel com uma visualização holística apresentando:

– números (redes, organizações, unidades de referência);

– um mapa, com diferentes informações geograficamente representadas de acordo com a escala (“zoom”);

– alguns gráficos e diagramas com dados gerais que o projeto tiver sistematizado.

Assim, poderíamos ter um modelo de dados para o sistema gerar um painel para cada uma das 25 redes, exibindo dados mais específicos de cada rede, território e tecnologias.

Essa mesma lógica pode inclusive ser aplicada ao Agroecologia em Rede.

O painel não tem a obsessão de resolver tudo em uma visualização só. Ele permite ir apresentando visualizações diferentes para diferentes questões, o que dá a possibilidade de construir um fluxo para melhorar a compreensão do leitor desses dados.

Podem responder perguntas pré-estabelecidas e também permitir que pessoas façam perguntas e obtenham as respostas em tempo real.

Conexão com bases de dados abertas

A partir da coleta de dados das redes, é possível fazer ligações e recortes com outras bases de dados públicas, como por exemplo: Censo/IBGE, PNAD/IBGE, Censo Escolar, Censo Agropecuário/IBGE, unidades de conservação, assentamentos, terras indígenas, etc. A divulgação sistemática destas bases permite inclusive analisar a evolução de aspectos dos territórios ao longo do tempo.

Isso vale também para dados não oficiais, mas que sejam também abertos, como feiras orgânicas, conflitos socioambientais, iniciativas de consumo responsável e economia solidária, entre outros.